Religião dos Filósofos

15/05/2011 16:49

Este Texto foi escrito no dia 14 de maio, mas só foi publicado dia 15.

 

 

    Bem, cheguei há poucas horas da igreja de um amigo. Faz alguns dias que passei a frequentá-la. Enfim, esse artigo vai contar um pouco sobre a minha relação com a religião e um pouco sobre o dia de hoje.

    Existe uma crença popular que diz que, basicamente, você tem dois caminhos ideológicos pra seguir: ou acredita na ciência, ou acredita na religião. Eu nunca liguei para isso. Na minha cabeça, ciência e religião conseguiam compartilhar do mesmo mundo na mais perfeita harmonia. Cabia à Bíblia nos ensinar a como agir com ética e otimismo em diversas situações, e à ciência nos ensinar a entender as causas e efeitos dos fenômenos que nos rodeiam. Não acredito numa ciência que diz que tudo veio de propriedades físicas da matéria e que a vida surgiu por um acaso, sem a interferência de uma consciência maior. Também não acredito que todos os eventos do antigo testamento tenham ocorrido da forma como estão escritos. Por esses motivos me senti à vontade para criar minha própria "versão" sobre o universo, onde mesclo elementos científicos e religiosos sem nenhum problema.

    Minha "teoria" cobria buracos existentes em ambas as ideologias e ao mesmo tempo criava para mim uma zona de conforto. Cheguei a brincar com a questão da origem de tudo partindo do ponto de vista um desenhista em um dos artigos aqui do blog. Mas eu tinha esquecido de um detalhe. Acho que eu não tinha dado muita atenção para a questão do sobrenatural. Para mim, a fé de um homem é poderosa o suficiente para quebrar a lógica científica. A mente humana é poderosa, então, idependente da religião do indíviduo, os milagres aconteciam.

    Mas, e quando certos "eventos sobrenaturais" ocorrem de forma idependente da sua mente? Sabe aquela sensação de que uma sequência de fatos já está deixando de ser coincidência e está se tornando algo mais direto, como um código lógico esperando para ser lido e decifrado? Não?

    Hoje foi a terceira vez que eu estive na igreja desse meu amigo, que inclusive considero um familiar. Houve uma apresentação teatral (bem intensa) falando sobre as máscaras usadas por pessoas que se dizem religiosas, mas que na verdade apresentam em seu dia-a-dia uma atitude corrompida em relação à ética da igreja. Um a um eles eram desmascarados e se perdiam na vida, o que pode ter sido um pouco agoniante para os espectadores que viam seus pecados citados na história. No final, os "personagens mascarados" foram salvos. Não vou contar os detalhes, um dia você pode ter a chance de assistir à apresentação. Enfim, um dos atores pediu para que as pessoas que haviam se identificado com a peça por usarem máscaras em seu dia-a-dia fossem até onde ele estava, numa espécie de desabafo. Pensei em levantar na hora, mas no momento cheguei a pensar que não escondia das pessoas que eu errava, e por isso não usava nenhuma grande máscara ou coisa do tipo (depois de chegar em casa lembrei de uns detalhes). Decidi ficar sentado, mas logo depois meu amigo se levantou e foi até o local solicitado. Outras pessoas levantaram. Bem, esperei uns segundos e segui o grupo, mesmo não tendo nada em mente naquele momento. Foi iniciada uma oração para as pessoas que se identificaram. Fiquei observando o que acontecia. Um outro ator do grupo de teatro começou a orar pelo meu amigo. Fiquei olhando. Ele foi falando. Meu amigo foi fechando os olhos, tombando a cabeça, tombando o corpo e... pronto! Desmaiou em meus braços. Não soube o que fazer na hora. Deitei-o no chão e o deixei lá. Nem o acordei. Acho que fiquei com medo de acabar atrapalhando alguma viagem espiritual ou coisa do tipo. Não me julgue, não estava acostumado com uma situação daquelas (risos). É o tipo de coisa que estamos habituados a ver na televisão, mas sempre me soou meio "emoção do momento" adicionada à "crença". Foi bem diferente, principalmente por ter desmaiado quem desmaiou. Bem, deixei meu amigo tirando uma soneca. Recebi a oração do mesmo cara que o atendeu. De fato, as palavras fortes, as batidas em meu peito, a anciosidade por ter visto algo que não pude entender na hora e o receio de tombar ali mesmo a qualquer momento, me deixaram um pouquinho tenso. Mas consegui permanecer consciente!

    Acabada a oração fiz o que achei mais óbvio fazer: sentei e comecei a observar as pessoas. Havia gente chorando emocionada, chorando por um possível arrependimento, consolando quem precisava de consolo, trocando informações sobre experiências do tipo. Todos estavam se ajudando. Vários ombros amigos apareceram. Foi um momento de solidariedade natural. Foi bonito. Acho que por alguns minutos entendi o verdadeiro objetivo daquilo tudo. Tirando toda a questão da salvação e paraíso, o que a igreja quer é que você trate as outras pessoas com amor. Ela só quer ensinar às pessoas a viver em sociedade. "Cidadania e ética a nível espiritual". Se todos aprendessem esse conceito, viveríamos em uma sociedade melhor e mais justa. Nos livrarímos de "desejos que nos mantém dançando como um fantoche".

    Cabe agora, aos que tiveram a oportunidade de aprender isso, pensar em como difundir essa ideia num mundo que valoriza cada vez mais conceitos perigosos para uma convivência saudável entre as pessoas.

    O processo é lento, e ainda há muito a se fazer. Bem, estou nesta.


Crie um site gratuito Webnode