Alguns detalhes do Trabalho.

    Eu não ainda não trabalho. O mais próximo de "trabalho" que eu tenho no meu dia-a-dia é um programa de aprendizagem do qual participo. Basicamente eu vou para uma empresa e aprendo observando o que é feito lá. É quase uma aula prática.

    Eu não estou nesta rotina há muito tempo, mas já tive tempo o suficiente para perceber o quanto diferente o trabalho é da escola.

    Para começar, na escola não temos um conceito real de grupo. Por mais que nos ajudemos, o sistema escolar é individualista. Se o seu coleguinha não faz a parte dele, é problema dele. Você pode oferecer ajuda. Ele pode aceitar ou não, e caso ecolha a última opção, é ele que perde ponto, é ele que é reprovado. Você não sairá prejudicado por causa das escolhas dele (situações generalizadas).

    No trabalho, se o seu colega não faz a parte dele, alguém tem que fazer. Acho que isso já o suficiente para entender o quanto chato isso é. Numa empresa, quando você não faz a sua parte, você prejudica o seu setor, os caras que gerenciam o seu setor, os caras que gerenciam quem gerencia o seu setor e assim por diante. É um sistema hierárquico de cobrança de resultados. O topo da hierarquia depende do bom funcionamento de tudo. Caso isso não ocorra, eles podem simplismente deixar um palmo de neve cair lá de cima. Já sacaram o que chega lá embaixo?

    Numa empresa quando as coisas dão errado o estresse toma conta das pessoas. Isso é normal. Só que na escola, resultados indesejados geram tristeza. No trabalho é estresse mesmo.

    Outro detalhe do dia-a-dia do trabalho é a importância da família. Parece óbvio, mas é diferente o quanto palavras como "filho", "esposa", "mãe", "pai", "cunhado" são ditas por dia. Na escola as pessoas não falam muito de suas famílias. Quer dizer, os clássicos conflitos ideológicos entre pais e filhos (principamente filhas) são sempre citados, mas é diferente. Talvez o fato de todos estarem passando um processo de preparação para uma futura independência acabe relacionando citações à família como uma espécie de regresso ou coisa do tipo. Uma bobeira. Os caras do trabalho provavelmente já passaram por essa fase, mas por alguma motivo voltaram atrás.

    Talvez a adolescência nos mostre tantos detalhes novos sobre a vida que, se não tivermos cuidado, acabamos não dando a valor necessário ao que realmente interessa.